domingo, 13 de outubro de 2013

Se ao menos pudesse saber o que é isso...

Há uma dor insana que insiste em me assombrar...
Às vezes me banho com ela...
Noutras finjo esquecê-la em meu peito...

Mas existem dias em que ela vem à tona
E persiste em martelar em meu peito vão...
Como se quisesse se materializar...

Fico quieta... sentada sentindo...
Tento ouví-la, mas nada me faz sentido...
Não sei compreender de onde ela vem...

É como uma saudade de algo que nunca vi...
É como uma dor sem ferida...
É como a perda de algo que nunca existiu...

É uma ausência que fere e sangra...
Uma doce lembrança...
Uma memória vaga do que eu nem sei o quê...

Se ao menos pudesse saber o que é isso...
Entenderia metade de mim...
Porque a outra metade eu sei que é ausência de mim...

Supsiros

Nem mesmo os cristais mais raros e caros
Serão comparados aos dois translúcidos
Que vejo sustentar em seu lindo rosto...

Nem mesmo os sons dos mais desejados e disputados metais
Poderão ser comparados com a música
Que ouço quando meu nome pronuncia....

 Nem mesmo os anjos seriam capazes de descreverem
O que acontece em mim
Quando seu nome aparece em meus pensamentos....

Nada é capaz de tirar dos meus lábios
O sorriso doce que você provoca...
Nem mesmo a sensação extasiante da memória...

A cada acorde rasgado e agudo
Crava em mim como uma agulha
Me tatuando em lembranças....

Seus olhos e a sua voz...
Uma mistura de música e feitiço...
E a minha pergunta:
"A quem serve essa poesia se você nem está mais entre nós!?"



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Jogo de Memórias



Há um vácuo no peito
Na mente o vazio da escuridão...
A Lua ao centro do céu
Lembra-me um jogo...

As peças espalhadas numa velha mesa
Ao lado delas, um copo vazio
uma garrafa vazia,
As pedras de gelo com o gosto ainda do uísque envelhecido...

Uma vela negra chorando
Às migalhas da sua sombra
Os braços do jogador sobre as peças...
O tédio no olhar bêbado do jogador insano...

A noite corria pro nada...
Chegando aos espaços mais vazios...
Fazia com que o jogo de memórias
demorasse a ser montado...

O tédio trazia as lembras duma vida,
Vivida entre mágoas, tristeza e solidão...
A boemia era uma falsa alegria
E a aurora, um profundo abismo...

A solidão era a amante do tédio
No jogo de memórias, as lembranças
Duma árdua infância, triste adolescência
E cansável vida adulta...

A velhice ele jamais verá...
O jogo jamais acabará...
A tristeza se tornará concreta na
mesa de mármore azul...

No epitáfio as palavras:
"Minha vida foi um jogo,
Minha alegria foi a falsa boemia,
Minh'alma foi o tédio da vida...
E o amor sempre foi o vácuo.
Eu fui um poeta, que do amor
Só provei solidão e mágoas...
Desculpem-me por ter sido tão insignificante!"

06/10/1999



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Peço a Ti

Não me venhas secreto...
Sê inteiro... e sê verdadeiro...
Sê gentil... carinhoso... mas não necessitas ser discreto...

Venhas sorrindo com teus olhos em chamas...
Sê puro e prometas-me não ser desleal...
Sê real quando amas...

Buscas em minh'alma o desejo...
Venhas cedo... não tardas...
Permitas que aconteça... esse é o ensejo...

Venhas tranquilo... doce... seguro...
Permitas-me conquistar-te a cada dia...
E provar-te que inda há tempo para amar...

Desejo estar ao lado teu sob o luar anil
das noites calorosas desses verão infernal...
E amar-te nos meses do inverno glacial...

Permitas que o que nasce agora prossiga...
Mas venhas logo me buscar...
E deixe-me amar-te e enfim ser amada....

1º de Janeiro de 2013