domingo, 27 de março de 2011

Já era tarde!

Já era tarde!
Meu âmago estava então tão sofrido...
Tua ausência... ai! Como arde!
Uma ferida jamais curada... tu já havias me ferido...

Já era tarde!
Meu peito, uma dor incurável, em chamas...
Tua ausência... ai! Ai como arde!
Ouço a tua voz sem que me chamas...

Já era tarde!
Tua tez, como a luz da Lua, estava cálida...
Tua ausência... ai! Como arde!
Minha dor mais profunda, como a sua, estava pálida...

Já era tarde!
Minha voz já enfraquecida... morria....
Tua ausência... ai! Como arde!
Do homérico espaço sideral, tua voz macabra se ria...

Já era tarde!
A aurora boreal já não se via...
Tua ausência... ai! Como arde!
O cântico dum pássaro tétrico, era apenas o que se ouvia...

Já era tarde!
Minha válvula de sangue estava prestes a cessar...
Tua ausência... ai! Como arde!
E o tempo mórbido estava a passar...

Já era tarde!
E uma ânsia de sentimentos... crescia....
Tua ausência... ai! Como arde!
E meu corpo, em minha campa, já não aparecia....

Já era tarde!
E com a vida já não podia...
E tua ausência... ai! Como arde!
Em minha lousa, te amarei e te esperarei.... um dia!

Tristeza

Teu rosto no retrato,
Fora apagado...
Durante a madrugada fria e outonal...
O vento hostil e dolorido me entristeceu...

Teu rosto,
Eu jamais verei novamente...
Teus beijos...
Jamais provarei novamente...

Teu cheiro...
Teu corpo...
Tua voz...
Foram, de mim, arrancados!

Perdoe-me se errei...
Perdoe-me se te sufoquei...
Perdoe-me se te amei...
Perdoe-me?

As lágrimas caem sincronizadas...
Como uma sinfonia clássica...
O peito bate lento...
Descompassado... quase parado...

No quarto... uma vela...
Que negra me vela...
Que me ilumina...
Que me apraz...

A saudade me fulmina...
Mais uma ferida viva...
Sem palavras...
Nem Adeus...

Tu partiras...
Levando contigo
Uma parte minha...
Minha vida...

Talvez agora...
Não há nada reservado para mim...
Nem amor...
Nem fadiga...

Somente as mágoas e o desgosto...
Talvez o gosto amargo
Da saudade...
Ou do nosso encanto...

Deixando para mim...
O pranto...
A dor...
E o desencanto...

O que será que haverá de mim
Quando a sombra, sobre mim, cair?
Haverá um cadáver roto...
E uma alma funesta!

Tédio

Novamente ele veio...
Vestido de cinza...
Caminhando em minha direção...

Cada passo dele...
Aumenta meu vazio...
E meu peito se comprime...

A vontade de correr, retorna...
Sinto o medo...
Mas ele não me abandona...

Minha lágrima cai...
Meu riso se cala...
É ele...

É ele... com seu terno cinza...
Que veio para, definitivamente,
Amargurar-me os dias...

Sinto-me novamente vazia...
Consumida...
Possuída...

Talvez ele saiba...
O porquê de me sentir assim...
E por não resistir...

Estou trancafiada num grilhão...
Não há saída...
Não há frestas...

Eu clamo para ele me deixar...
Mas... ele insiste...
E não me permite escapar...

Eu o odeio...
Mas ele... decididamente...
Não sobrevive sem minha vida...

Olhos-Tempestade - parte 2

Olhos-Tempestade...
Por que foges assim?
Sem ti... eu sou metade...
Sem ti... meu corpo não cheira a jasmim...

Olhos-Tempestade...
Onde está teu olor?
Espero-te banhada em ansiedade...
Não me deixes sem teu calor...

Olhos-Tempestade...
Sem teu cheiro não sei viver...
E minha grande vontade...
É, da tua saliva, beber...

Olhos-Tempestade...
Negros... enfumaçados...
Tu és devassador na realidade...
Deixando minha mente e coração, por ti, despedaçados...

Olhos-Tempestade...
Sinto medo... desejo...
Tu és a parte que me cabe... metade...
Meus lábios... os teus... o beijo...

Olhos-Tempestade...
Quando da escuridão
Meus olhos se cerrarem... desejo que tenhas piedade...
E que lá leve-me a sua canção...

Olhos-Tempestade...
Não deixes minha’alma alucinada...
Não me desejes por caridade...
Não me abandones, aos desejos, mergulhada...

Olhos-Tempestade...
Quero amar-te...
Na ilusão e na verdade...
Quero que sejas minha parte...

Olhos-Tempestade

Olhos-tempestade... o que fazes longe de mim?
Talvez estejas feliz assim...
Olhos-tempestade... onde estás agora?
Talvez estejas caminhando em meio às horas...

Negras madeixas... o que tens feito longe assim?
Será que foges de mim?
Negras madeixas... onde estás nessa hora?
Será que procuras por outrem agora?

Lábios dissimulados... o que andas falando de mim?
Talvez... o bem ou o mal assim?
Lábios dissimulados... onde estás agora?
Talvez... contando as horas...

Olhos-tempestade... não posso mais
Viver sem teus lábios dissimulados...
Olhos-tempestade... não aguento mais
Ficar sem o perfume das tuas negras madeixas...

Olhos-tempestade... voltes para mim...
Quero sentir o olor das tuas negras madeixas...
E ouvir dos dissimulados lábios teus que me
Amas assim como eu!

Meu Epitáfio

Fui poeta...
Sofri... cresci...
Hoje em minha campa
A solidão me deixou só!

Olho agora o novo mundo...
Com olhos d’alma...
Ouço ainda o cântico tétrico
Do Pássaro-Morte...

O mármore da minha necrópole a Lua reluz...
Vivo entre as Árvores-Tristeza
Uma vida infinda!
E posso então ouvir dos anjos o divino canto!

Amarga Madrugada

Durante a amarga madrugada...
Surgiu a saudade pálida...
Lembrei-me de tua saliva, quase que calada,
Suspirei e segurei minha lágrima cálida...

As horas pelo relógio escorregavam,
E as lembranças doces do teu amargo olor...
O peito meu queimavam...
E na fria madrugada, onde estava o teu calor?

Os minutos pareciam, de mim, fugir...
Os teus lábios juntos aos meus não estavam...
O meu caminho... eu já não podia seguir...
Os nossos corações há tempos não se encontravam...

O tempo corria apressado...
E dentro de mim a maldição...
A dor não havia passado...
O que me dominava era a solidão...

Mal uma lágrima caía...
E a tamanha dor que eu sofria...
Outra lágrima saía...
E o teu orgulho de me ver triste, se ria...

Nos teus lábios o gosto doce do mel...
No teu coração outra Paixão...
Nos meus lábios o gosto amargo do fel...
No meu coração outra solidão...

Eu me perguntava sobre o teu sentimento...
E a tua ironia me matava...
Pois sempre arranjavas outro argumento...
Que por sua vez me machucava...

Ouvia o teu terrível discurso forte...
Com os olhos úmidos e sangrentos...
E pensava onde está a minha morte?
E logo sentia o cheiro dos ciprestes fedorentos...

A nossa conversa terminou...
O meu sentimento continuou...
Mais uma vez meu peito se enganou...
E a ferida viva novamente sangrou...

Busquei a vida minha sem vida...
Dentro dela não havia saída...
Somente a minha partida...
Outra saída não havia...

Fechei os meus olhos de sofrimento infinito...
Deitei-me na cama, já calada...
Senti meu morto corpo sofrido...
E minh’alma, no sideral espaço, jogada...

Mas a amarga madrugada
De longe se mostrava,
A solidão ali calada...
Que nenhum’alma encontrava...

Sob Luar-Tempestade

Sob a insensatez da escuridão do firmamento...
A estupenda Lua Prata...
Prateara algumas cálidas nuvens...
E assim dera mais vida às pequeninas estrelas...

O silêncio do pensamento...
Ecoara junto com o eco das ondas...
Molhando a branca areia, com a pálida bruma...

Teu corpo branco...
Já orvalhado pelo doce sereno...
E teus olhos-tempestade...
Olhara-me sereno...

Teus cabelos tão negros quanto o céu...
Teu olor tão puro quanto o vento...
Embriagara-me a alma...
E levemente entorpecera-me a mente...

Enquanto tua voz embalara-me o peito...
Em sussurros quase que desnecessários...
A Lua se espelhara no mar verde-negro...
Deixando assim um raro rastro tão forte quanto o amor...

Tua respiração previamente pausada...
Às vezes profunda e noutras ofegantes...
Teu perfume surgiu quase que inevitavelmente...
No âmago meu...

Talvez por desejar tantos teus Olhos-Tempestade...
Que quando estou só... sou apenas metade...
Por isso... peço a ti...
Que estejas sempre aqui... dentro de mim!

O Valor do Amor

Se depois da ventania...
O sol inda demorar a chegar...
E o coração em chamas,
Inda te chama...

É porque o amor...
Não acabou...
E o ressentimento e a mágoa...
Passou...

Se a chuva inda cai...
Prateando a noite sem luar...
E as lágrimas saem sem piedade,
É porque inda há saudade...

Se o choro é derradeiro...
E o amor verdadeiro,
Inda há no peito o aconchego....
Dum forte apego...

Mas... o gosto do beijo..
E o som da tua voz...
Vêm por inteiro...
Quando a dor da ausência é atroz...

Enquanto os dias monótonos se passam...
E o tempo corre veloz...
Chega enfim, a hora de encontrar...
Aquele por quem o peito clama....

E os dizeres de saudade
Saem espontâneos em meio às lágrimas...
E o abraço insólito...
Fortalece o amor...

E assim o amor é construído...
Após a chuva e a ventania... fortalecido...
A dor e o desprezo... esquecido...
E tudo se resume quando é dito:
“Eu te Amo”!

Delírio

Sentada... vagando pelo memória...
Sorri sozinha...
Em meio aos meus devaneios...

Em meio a tantos rostos...
Somente o seu se fez presente,
Em minha concreta loucura...

Num susto... delirei... Pelo seu nome gritei...
Porém ninguém sabe o que desejei...
Nem tão pouco o que sonhei...

Logo minha face se enrubesceu...
E meus olhos, de vergonha, se perdeu,
Quando meu peito aflito estremeceu....

De saudade chorei...
Ao mundo cantei...
E contigo, acordada, sonhei...

Lembrando-me do momento...
Que eu mais esperei...
Somente eu sei o quanto o desejei...

Hoje não há o porquê...
De me calar e não dizer...
O que sento por você...

Pois amá-lo
É vivenciar a vida viva...
É ter a alma aquecida...

E o coração entusiasmado...
Meu amor jamais se fará calado...
E por toda a vida desejo estar ao seu lado...

O que sinto...
Não faz parte de um passado...
Mas é parte do presente
Do presente impresso eternamente em mim!

Ai de mi!

Da majestosa e frondosa Lua...
Da noite escura, pálida e solitária...
Do vazio no peito...
Tudo estremeceu...

A saudade ofuscou meus olhos...
Meus pensamentos vagaram...
Teu nome...
Teu corpo...

Assim como se eu pudesse te ver...
Sentir teus passos...
E como se eu pudesse te encontrar...
Sentir teu gosto... teu beijo...

Tu que acabaras com meus sonhos...
Tu que acabaras com minha vida...
Sentes agora a minha derrota?
Vês agora o meu pranto?

Não... tu não podes ver!
Ficaras cego...
Nem ouvir... podes..
Minha voz algoz está longe... morta...

Meus beijos...
Não os sente...
Já não fazem parte,
De tua odisseia...

Tu que me deras vida...
Agora a toma para si...
Como vitória lastimável...
Podes já, contar com outra desgraça...

Não... não penses jamais em consertar...
Teus medos te assassinaram...
Só tu não vês...
Um dia... verás...

Vejas então minha vida sem vida...
Vejas então o jogo vencido...
Tu... sorrindo...
Eu... em prantos...

Tua voz... teus beijos... tuas palavras...
Não saem de mim...
Ai de mi!
O que te fiz?

Enquanto fazias-me feliz...
Sufoquei-te a alma?
Ai de mim!
O que será que te fiz?

quarta-feira, 16 de março de 2011

Cantiga de Amigo

Observando o verde-mar sereno
E a nauta a velejar calmamente
Em seu convés, meu amado amigo
Que sorrateiro partiu lentamente
Levando com ele meu pobre peito
E eu no desespero gritei:
Volte, meu amado, amigo para nosso leito
Não me abandone porque errei.

Errei porque amei e sofri amando
E mesmo jurando me amar, partiu.
Volte, meu amado, amigo, não me deixe sonhando.

Enquanto a lágrima caiu a nau sumiu
Meu amigo partiu para não mais voltar
E eu fiquei só sem saber se ele inda irá me amar ...

Sederes tu, oh

Sederes tu, oh meu homérico e estupendo amigo
Do qual nas manhãs tristes, traz-me...
segurança divina e alívio secreto...

Sederes tu, oh alma majestosa
Que confortas os teus semelhantes
Dando-lhes a mais clara e sincera atenção.

Sederes tu, oh estampido e alvo amigo
Cujos sentimentos estão distantes do meu alcance!
Mas meu coração sente a tua pulsação mais próxima!

Sederes tu, oh cálido douto
Me ensinastes a viver e de repente... sumistes
Volte! Pois ainda há uma amizade real!

Se voltares estarei aqui
Esperando-o então sejamos...
alma e corpo como fusão de uma só alma!

Nos completaremos assim como luz na escuridão,
Ficaremos juntos até o último amanhecer, e...
até quando não mais existir a luz solar divina!

Sederes tu, oh personalidade cativa
Embelezando minh'alma inocente
Como as flores que embelezam uma tétrica necrópole!

Sederes tu, oh saudade grandiosa
perturbando minha mente com a sua ausência
Provas que tu és meu grande amigo!

Sederes tu, oh ...
não mais ausente, não afastes mais!
e estejas para toda a eternidade junto a mim!!!!!

Minha Campa

Algumas vezes, ouço tua voz...
Sinto tu'alma perto do meu corpo alvo
Procuro uma palavra, mas tudo parece algoz
Talvez, eu seja o seu mais puro alvo...

Tua presença torna-se um raio de luz...
Não consigo então tocar-te...
Minha pele já não reluz...
Meus olhos já não podem encartar-te!

Corro, corro, e minhas pernas não mais te alcançam.
Prendo tu'alma num rosa primitiva ...
Grito, grito, e meus lábios não mais te chamam.
Agarro teu espírito numa única tentativa ...

Falo de meu amor mais leal...
Observo o mundo teu, em silêncio obscuro...
Tatuo o teu nome num'árvore real...
Não vejo o mundo, somente o escuro...
A Lua empalideceu meu mármore.
Vejo-te em outros braços e não te arrependes.
Onde quer que eu more...
Chamo-te... mas não me ouves.

Porque de meu amor, tu desdenhas?
As estrelas pederam seus brilhos, há muito tempo...
Poque ainda me desenhas?
À solidão me rendo...

Tu não visitas mais minha campa...
Minh'alma não pode mais ser tua vigia!
A escuridão tétrica do céu é o que me tampa...
De minha passagem, eu fugia!

Não tenho mais meu coração
Nada mais me conforta...
Em meu peito houve uma erosão
Meu sangue secou em minha aorta...
        
Meu subconsciente já não o tenho
Teus olhos já não estão comigo!
Minha vida já não tem mais desempenho
Já não és mais meu amigo!

Tua ausência feriu meu âmago profundamente...
Levastes consigo meu espírito inocente...
Morri, pela solidão que tinha em mente...
Tu'alma me assassinou... realmente...

Antes Quisera

Num prélio petiz,
De não se pensar em pensar...
Observava a noite e seu estupendo luar...

Recordava-me em riso feliz,
Ora do teu doce olor,
Ora do teu sussurro e calor...

Teus cálidos lábios maviosos,
Despertaram em mim, desejos quase que insanos...
E meus medos apunhalaram-me vesanos...

Sorri...
Imaginei...
Sonhei...

E nos teus lábios calados...
Encontrei palavras... Gestos... Afagos...
E senti um desejo de sentimentos audaciosos...

Tentei fugir...
Lutei e relutei...
Implorei...

E de tanto lutar,
Para me calar...
Resolvi falar...

Não quero pleito...
Nem tão pouco preito...
Quero o mesmo que quisera antes...

Quero vida... Calor... Desejo...
Quero só benfazejo...
Alternar palavras e beijos...

Estar contigo em noites como estas... Solitárias...
Fazer-te feliz e insólito...
Aguardando momentos sólidos...