terça-feira, 15 de março de 2011

Impontualidade de Ser

De ouvidos moucos...
Vagava pelo tempo obscuro e passageiro...
Observando a vasta complicação de seu ser...

Os passos cansados...
As palavras caladas...
O coração esfacelado...

Alguém quase nulo,
Pelos anos; amores incertos e perdidos
E pela embriaguez d’alma mal amada...

Lágrimas ocultas...
Sentimento chorado...
Silhueta desmantelada...

O olhar profundo e preciso,
Como se pudesse ver além do perispírito...
Todos os enigmas diluídos...

Em passos matados,
De pés calejados quase aleijados
Sentia que o caminho oco o entorpecia...

Em gestos pausados e tuberculosos
Revelava o rosto triste e pálido
De seu vestuto e maligno ser...

No delírio lívido e fugaz...
Viajou no horrendo fragor das harpas,
Fortalecendo a noite fria e solitária...

E na impontualidade de não ser um ser,
Pôs-se em sonhos a vencer os anos...
E as malditas indagações que traziam o tédio absoluto...


Anulando-se em mágoas
De amores inválidos...
E pensamentos íntimos...

E na utopia da vida
Vagando pelas ruínas de sua existência
Procurando amar os malditos modos de sua era...

Tudo de mais imperfeito e solitário...
Outra conquista defasada...
E sua impontualidade de não ser um Ser!

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