Às vezes... no vazio da noite,
Sinto calafrio sombrio...
Sinto e desejo... teu corpo frio...
Caminho dum lado ao outro...
Sem dizer uma única palavra,
Apoio meu peso... sobre teu corpo...
Sinto o gosto do beijo teu... num adeus...
Lá fora... o vento ululante...
Soa macabro, nas folhas dos Ciprestes...
A tristeza aqui dentro... grita...
E o pranto se ri, maldito...
O tempo veloz... fulmina as feridas...
E a solidão... só tem uma vela negra...
Que sozinha chora...
Velando-se às migalhas de sua pobre sombra...
A vela quando acesa... é vida...
Na metade... estabelece um choro árduo...
No fim... um suspiro a apaga...
E ela nem mais vela; paixões ou confusões.
É como as ondas... beijam a areia...
E voltam-se contra o mar... violentas...
Repetindo a cólera duma víbora ao dar o bote...
O amor e o desejo... são velas e víboras...
São ondas... mar e areia...
São serenas e pálidas como ruínas duma vida...
São inconscientes e inconseqüentes...
São sentimentos insanos e vesanos...
São dores que jamais se cessam....
O amor é mórbido e passageiro...
O desejo é horrendo e rasteiro....
E ambos... estão escassos... pois, são escárnios.
Mas teu amor... é uma chama...
Que me chama... qual verso, declama...
Que borbulha-me o sangue vasto... em chamas...
Teus olhos... são d’anjo enlevo...
Teus lábios... de desejo m’inflama...
Tuas palavras... no amor derramas...
Nas trevas ruinosas da solidão... tu me desdenhas,
Na fantasia... tu me chamas...
Tu... enamoras-me sem saber...
E como, numa odisséia... amar-te...
É sentir uma paixão... inexistente...
É uma ferida viva... sem cicatrização...
Teu amor... já não tem compaixão...
Do meu pobre coração...
E tu? O que sentes, Paixão?
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